Neste capítulo, Marcuschi inicia explicando que os
estudos sobre gêneros não são novos, mas é em nossa época atual que se encontra
o maior número de pesquisadores investigando essa área.
O estudo sobre os gêneros começou com Platão e Aristóteles, mas se restringia quase que inteiramente à Literatura. Hoje, eles estendem-se por todo tipo de texto, comunicação e seus gêneros.
Aristóteles, quando formulou sua teoria, separou os gêneros de discursos em apenas três tipos: judiciário, deliberativo e epidítico. Hoje, por “gêneros” entendemos toda forma de discurso da e nas práticas sociais, sendo que eles podem ser escritos ou orais.
É importante notar que os gêneros são usados no cotidiano, cada qual com sua função e forma, no entanto, é o próprio cotidiano que os modifica ou os cria, ou seja, os gêneros são dinâmicos, embora relativamente estáveis.
Hoje, o campo que estuda essa área é enorme, são vários os autores e perspectivas, dentre elas estão: a perspectiva sócio-histórica e dialógica; comunicativa; sistêmico-funcional; sóciorretórica, interacionista e sóciodiscursiva; de análise crítica; sociorretórica/sócio-histórica e cultural.
Toda essa importância é dada pelo motivo de que é impossível se expressar sem usar um texto e um gênero, pois, para cada ação ou situação social é necessário se comunicar, e é através deles que o fazemos. Dessa forma, os gêneros são inúmeros (um para cada contexto), mas eles são compostos por poucos tipos, de características singulares (narração, argumentação, exposição, descrição e injunção).
Essa relação entre tipologia e genericidade é contínua e complexa, pois uma complementa a outra, e devemos nos lembrar de que em muitos gêneros discursivo-textuais pode haver mais de uma tipologia, no entanto, um deles predominará. E, também, que, no gênero, mais importante é o seu conteúdo, propósito e função do que a forma.
Além da mistura de tipologias, acontece também a junção de gêneros, ao que chamamos de “intergenericidade”. Geralmente nomeamos os gêneros pelas suas funções, conteúdos, estruturas, contextos etc., mas, às vezes, acontece de um texto ter a forma de um e a função de outro: dois em um lugar só.
Também devemos nos atentar de que, em um mesmo contexto, em sociedades diferentes, o mesmo gênero não ocorrerá. Cada sociedade utiliza-se diferentemente de seus gêneros, em certa frequência e situacionalidade, o que só constata que o desenvolvimento da língua depende de sua comunidade. A linguagem vai muito além da língua, pois é hábito, cultura, símbolo e vida.
Dependendo do local onde o texto estiver inserido, ele pode mudar de gênero também. São os chamados “suportes de gêneros textuais”, que podem ser locais ou formatos. Por exemplo, uma carta fora do envelope, mas enviada pelo computador, deixa de ser carta e torna-se e-mail. Ou seja, o suporte não é neutro, ele modifica o gênero. Em contraposição, isso não ocorre em todos os suportes, pois, um livro didático, que possui poemas em seu interior, não faz com que o poema deixe de ser poema e vire outro gênero. Neste caso, o suporte apenas “carrega” o texto de um local para o outro.
Dentre os suportes, existem os convencionais e os incidentais. Os convencionais são os criados com um fim específico de portar ou fixar um texto, por exemplo: livros, jornais, revistas, outdoor etc. E os incidentais são os que até servem para “carregar” textos, mas somente em casos especiais, porque não foram criados exatamente para essa função. São exemplos as roupas, os para-choques de caminhões, as calçadas, os muros etc.
Parabéns pelo o texto. Eu gostaria de saber se você poderia me dar algumas dicas de como trabalhar ou me dar algumas referências géneros narrativos para trabalhar com professores do ensino básico. tipo um curso de formação. obrigada. Karla
ResponderExcluirObrigado, Karla. Infelizmente, não posso (no sentido de conseguir) te dar dicas sobre esse assunto. Sou um mero estudante de Letras (ainda no 5° semestre).
ExcluirBoa tarde! Adorei o seu texto!
ResponderExcluirVocê teria o resumo da primeira parte (ou 1º capitulo) desse texto? Obrigado.
Que bom que gostou. Muito obrigado. Infelizmente, não tenho o resumo do primeiro capítulo, pois nem o livro eu tenho. Só possuo o segundo capítulo mesmo. Foi um trabalho da faculdade...
ExcluirMarcuschi diz que "Para compreender o texto é necessário outros processos"... Você saberia me dizer quais são?
ResponderExcluirMaria Inês
Infelizmente, Maria Inês, através deste único trecho, não. É preciso reler o que ele diz depois disso.
ExcluirEu sou estudante de letras/inglês, e acredito que Marcuschi fala de "processos de produção textual"...é um livro que ele lançou...
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