Algumas
características e influências da banda
Formada em 1984, em Porto Alegre, a banda
Engenheiros do Hawaii é uma das maiores bandas de rock do país. Seu fundador e
líder, Humberto Gessinger, sempre foi um assíduo leitor de literatura e
filosofia, e isso reflete em suas músicas desde o início da carreira.
Muitas letras do grupo são consideradas complexas
por conta de alguns fatores: os constantes jogos de palavras, geralmente
paronomásias (palavras de sons semelhantes) e antíteses (ideias contrárias), assonâncias
(uso seguido das mesmas vogais) e aliterações (utilização das mesmas
consoantes), além de citações implícitas e explícitas de autores (das mais
diversas áreas do saber), que denotam as influências dos músicos.
Quem não está acostumado à leitura e à
reflexão, na maioria das vezes, imagina que as letras não possuem nexo ou que
ele, ouvinte, não consegue achar o sentido das músicas. Por outro lado, quem
está mais familiarizado com os temas que a banda discute, logo percebe as
influências e os conceitos adotados nas canções.
Uma das leituras preferidas de Humberto
Gessinger, ainda durante o curso de Arquitetura (o nome da banda é uma gozação dos alunos de Arquitetura sobre
os estudantes de Engenharia), são as obras do escritor e filósofo Albert Camus.
No livro Infinita Highway: Uma carona com
os Engenheiros do Hawaii (2016), biografia da banda que conta a história do
grupo desde o início até o rompimento da formação clássica, conhecida como “GLM”
(Gessinger, Licks e Maltz), em 1993, é dito num trecho sobre o segundo álbum do
grupo, A revolta dos Dândis:
Gessinger já havia lido O Estrangeiro e A Peste
na adolescência, em edições do Círculo do Livro, do qual era sócio. A
oportunidade de se adensar na obra de Camus veio com as primeiras idas com sua
banda para São Paulo.
- Eu não freqüentava a noite quando viajava, mas ia a
todas as lojas de discos e livros que conseguia – recorda o pouco social
Gessinger. – Em São Paulo, comprei a coleção completa do Camus, em uma edição
portuguesa horrível. Era preciso cortar as páginas para folhear. Mas fiquei
fascinado por ele.
A demo do álbum já estava pronta quando Gessinger leu a
“A revolta dos dândis”, capítulo de O
Homem Revoltado.
- Lembro que quando eu li, fui lá na casa do Maltz e
disse: “Bá, velho, o disco tem que se chamar A Revolta dos Dândis” – relembra
Gessinger, em bom porto-alegrês. (LUCCHESE, 2016, p. 186-187)
Sobre a música que dá nome ao segundo álbum, conhecemo-la
com os versos “Eu me sinto um estrangeiro / Passageiro de algum trem / Que não
passa por aí / Que não passa de ilusão”, no entanto, o biógrafo diz que
(...) O nome original da
canção era Facel Vega, referência ao
modelo do carro no qual estava o escritor Albert Camus quando sofreu o acidente
que lhe tiraria a vida, em uma viagem de Provence a Paris – no bolso do
escritor francês, restou o bilhete de trem que Camus já havia comprado para
fazer o trajeto, mas resolveu não usar, pois aceitou de última hora uma carona
do seu editor. A canção tinha originalmente os versos “Eu me sinto um
estrangeiro / personagem de Camus”, uma óbvia alusão ao romance O Estrangeiro (...) (LUCCHESE, 2016, p.
186).
Pensando em todo este fascínio que o grupo
possuía pelo escritor e pela sua filosofia, buscaremos discutir e compreender
um pouco mais profundamente a música Nossas
Vidas, contida no primeiro álbum da banda, Longe Demais das Capitais, lançado em 1986. A seguir, para
acompanhar a análise e discussão, encontra-se a letra da canção na íntegra.
Depois, para cada tema será iniciado um sub-capítulo.
Nossas vidas
A
gente faz de tudo
Mas
nada faz sentido
Nem
as luzes da cidade
Nem
o escuro de um abrigo
A
gente faz de tudo
Mas
nada faz sentido
Nem
a existência de uma guerra
Nem
a violência do inimigo
Não
posso entender o que fizeram com nossas vidas
Não
posso entender por que viramos suicidas
Oh!
Oh! "O que fizeram com nossas vidas?"
Oh!
Oh! "Por que viramos suicidas?"
Eu
ando tão vazio, tão cheio de vícios
E o
fim da linha, é só o início
De
uma nova linha, de um novo mundo
De
um dia-a-dia cada vez mais absurdo
Eu
já pensei em mandar tudo pro espaço
Eu
já pensei em mandar tudo pro inferno
Mas
não pensei que fosse tão difícil
Ficar
sozinho numa noite de inverno
Não
posso entender o que fizeram com nossas vidas
Não
posso entender por que viramos suicidas
Oh!
Oh! "O que fizeram com nossas vidas?"
Oh!
Oh! "Por que viramos suicidas?"
A
gente faz de tudo
Mas
nada faz sentido.
A consciência de um mal-estar
Na primeira estrofe, quanto à estética, logo percebemos
uma das características da banda: o uso de antíteses. Ela aparece com as
palavras “tudo”, “nada”, “luzes”, “escuro” (num sentido amplo, poderíamos
considerar “cidade” e “abrigo” também).
Já sobre o conteúdo, notamos uma consciência
do eu-lírico sobre a inutilidade das nossas ações. Podemos pensar que as elas têm
sentido para nós, mas esse sentido é criado e subjetivo, não é algo intrínseco
às coisas. Depois, mais à frente, n’outro capítulo, veremos que essa
insatisfação cria o “absurdo”.
Desta forma, o eu-lírico lança essas
contraposições durante as duas primeiras estrofes. As luzes da cidade podem
significar a exposição das coisas/objetos e das pessoas, enquanto o escuro de
um abrigo pode ser a reclusão do ser. Ou ainda, num sentido mais amplo, pode
ser a objetividade e a subjetividade da existência . É um questionamento e
negação de tudo, um niilismo. Tudo equivale a nada para alguém consciente de
que tudo se resume ao mesmo (como os Engenheiros explicitariam na música A revolta dos Dândis II, anos depois).
Não faz sentido a guerra nem a violência do
inimigo, que batalha sem saber o motivo; que luta, se machuca e morre porque
alguém mandou. O inimigo, diferente do eu-lírico, não possui essa mentalidade,
não possui consciência de si e de seus atos, por isso se volta violentamente
contra o outro, quando deveria se voltar contra o sistema que lhe faz lutar.
"O
que fizeram com as nossas vidas? Por que viramos suicidas?"
Camus abre o livro O mito de Sísifo com a afirmativa: “Só existe um problema
filosófico realmente sério: o suicídio. Julgar se a vida vale ou não vale a
pena ser vivida é responder à pergunta fundamental da filosofia.” (CAMUS, 2016,
p. 19). Em seguida, reflete que embora muitos morram porque pensam que a vida não vale
a pena ser vivida, porque não há um sentido para a existência, há outros
que morrem por um motivo, por um ideal. Enfim, a razão de viver também pode ser
uma razão para morrer.
Tal afirmação faz-se necessária porque quase todo
suicídio começa com o questionamento, que, em seguida, transforma-se numa
negação da vida. A negação, na música, já vimos, é demonstrada logo nos dois
primeiros versos, mas agora ela é justificada pelas questões.
Percebe-se o conflito do eu-lírico quando ele
mostra não saber se é o causador ou a causa dos atos: no primeiro verso do refrão é
dito “o que fizeram com nossas vidas”, isto é, nossas vidas são moldadas por
outra(s) pessoa(s). Já no segundo, lê-se/ouve-se: “por que viramos suicidas”.
Aqui o sujeito somos nós; lá, são eles. No entanto, implicitamente (talvez, inconscientemente),
o eu-lírico já mostrou sermos nós os autores de nossas vidas, pois ele inicia a
música com “a gente faz de tudo”.
Com isso, discute-se a liberdade e a
responsabilidade do ser. Quando se assume a responsabilidade das nossas ações,
negamos a influência de uma força superior. Camus nos diz que “(...) ou não
somos livres e o responsável pelo mal é Deus todo-poderoso, ou somos livres e
responsáveis, mas Deus não é todo-poderoso.” (CAMUS, 2016, p. 62).
Claro, aqui entra o paradoxo da onipotência
de Deus. De certa forma, até mesmo da sua onisciência também. É porque ou nosso
destino já está pré-estabelecido por Deus e apenas seguimos seu curso,
justificando a sua onipotência e onisciência, ou possuímos o livre-arbítrio e
negamos as duas qualidades do possível Ser superior, não apenas escolhendo
sobre o que nos é dado, mas criando novas alternativas. É nisso que entra o
Absurdo.
O absurdo em Nossas Vidas
Na quarta estrofe são demonstrados os sentimentos do
eu-lírico, a sua percepção e a sua consciência da realidade. O sentimento de vazio,
causado por ações repetidas em ciclos. É esse dia-a-dia que lhe causa a
impressão e o pensamento (afirmado) de que embora faça de tudo, nada faz
sentido. É esse cotidiano que pode fazer com que as pessoas tornem-se suicidas.
Levando em consideração o período (1942) e o local (possivelmente a França),
Camus diz:
Cenários desabarem é coisa
que acontece. Acordar, bonde, quatro horas no escritório ou na fábrica, almoço,
bonde, quatro horas de trabalho, jantar, sono e segunda terça quarta quinta
sexta e sábado no mesmo ritmo, um percurso que transcorre sem problemas a maior
parte do tempo. Um belo dia, surge o “por quê” e tudo começa a entrar numa
lassidão tingida de assombro. “Começa”, isto é o importante. A lassidão está ao
final dos atos de uma vida maquinal, mas inaugura ao mesmo tempo um movimento
da consciência. Ela o desperta e provoca sua continuação. A continuação é um
retorno inconsciente aos grilhões, ou é o despertar definitivo. Depois do
despertar vem, com o tempo, a conseqüência: suicídio ou restabelecimento. Em
si, a lassidão tem algo de desalentador. Aqui devo concluir que ela é boa. Pois
tudo começa pela consciência e nada vale sem ela. (CAMUS, 2016, p. 27)
Tudo se inicia com a consciência, é ela quem
faz com que o eu-lírico seja um homem absurdo, alguém revoltado com o seu
contexto, com a sua vida, com o seu destino. “Essa revolta da carne é o
absurdo” (CAMUS, 2016, p. 28). Para Camus, o absurdo é um divórcio entre a
razão humana e a falta de razão do mundo. Mais especificamente: “O que é, de
fato, o homem absurdo? Aquele que, sem negá-lo, nada faz pelo eterno. (...)
Seguro de sua liberdade com prazo determinado, de sua revolta sem futuro e de
sua consciência perecível, prossegue sua aventura no tempo de sua vida.”
(CAMUS, 2016, p. 73)
É claro que, com isso, ao perceber a falta de
sentido nas ações, o sujeito perde as esperanças (o que não significa se
desesperar). A falta de esperança quanto ao futuro, por conta da morte
inexorável, traz um benefício: a maior atenção para o presente, que se alia
àquela responsabilidade do ser. Enfim, a liberdade de ação. Assim, o homem
absurdo é um ser que está em luta constante contra o seu meio.
Por que é preciso dizer isso? Porque embora o
absurdo da vida possa acabar com o suicídio, com a morte, Camus não é a favor dele —
assim como o eu-lírico também não o é, como veremos mais à frente. Para o filósofo,
“Matar-se, em certo sentido, e como no melodrama, é confessar. Confessar que
fomos superados pela vida ou que não a entendemos.” (CAMUS, 2016, p. 21). O
suicídio é uma fuga eterna para um problema passageiro. Não é um enfrentamento,
mas uma desistência.
Antes de concluirmos, faremos uma pequena
comparação entre alguns versos da canção e a história que dá título ao livro de
Camus discutido até então.
O mito de Sísifo
Ao ler a estrofe “Eu ando tão vazio, tão
cheio de vícios / E o fim da linha, é só o início / De uma nova linha, de um
novo mundo / De um dia-a-dia cada vez mais absurdo.”, além de estar explícito
o adjetivo “absurdo”, tema brevemente discutido aqui, é impossível não nos
lembrarmos de Sísifo, um dos mortais mais inteligentes da mitologia grega.
Sísifo era um homem muito esperto. Certa vez, em troca de uma fonte para a sua cidade, delatou Zeus a Asopo, um deus-rio, dizendo que foi o deus dos deuses quem raptou sua
filha. Trato feito. Porém, Zeus, quando
soube, furioso, condenou Sísifo ao inferno, pedindo para que um de seus
subordinados fosse atrás do indivíduo. Um passo à frente do deus, o mortal enganou o encarregado de sua morte e pediu para sua mulher não o enterrar após o seu falecimento.
Chegando ao submundo, ele implorou para deixarem-no
voltar, para que pudesse pedir para a mulher e os responsáveis o enterrarem. Permitiram, mas
por pouco tempo. No entanto, o mortal, apaixonado pela vida, fugiu com a mulher
e continuou vivendo normalmente. Após ter enganado os deuses de novo, ele é
punido para sempre: pela eternidade carregaria uma pedra monte acima, mas
quando chegasse ao topo, a pedra cairia novamente e no outro dia seria feito o
mesmo. Um processo infinito. Com efeito, os deuses sabiam que “(...) não há castigo mais
terrível que o trabalho inútil e sem esperança.” (CAMUS, 2016, p. 121).
Sísifo pode ser comparado a todos os
trabalhadores, principalmente àqueles que vieram após o fordismo, que trabalham em massa, em linha de produção, sem consciência de que fazem o
mesmo movimento todo o dia por todos os dias, sem solução, sem esperança, sem
sentido.
No entanto, como o mito não explica tudo em
detalhes, fazendo-nos pensar e possivelmente imaginar, Camus reflete sobre
quando Sísifo chega ao topo da subida: no que ele pensa? Se, por um momento, o
castigado obter a consciência dessa sua ação em vão, ele pode se revoltar e não
fazer o seu trabalho. Os deuses teriam de adquirir outra pessoa para fazer essa
tarefa. Afinal,
Este mito só é
trágico porque seu herói é consciente. O que seria a sua pena se a esperança de
triunfar o sustentasse a cada passo? O operário de hoje trabalha todos os dias
de sua vida as mesmas tarefas, e esse destino não é menos absurdo. Mas só é
trágico nos raros momentos em que se torna consciente. Sísifo, proletário dos
deuses, impotente e revoltado, conhece toda a extensão de sua miserável
condição: pensa nela durante a descida. A clarividência que deveria ser o seu
tormento consuma, ao mesmo tempo, sua vitória. Não há destino que não possa ser
superado com o desprezo. (CAMUS, 2016, p. 123)
Sísifo é um homem absurdo, assim como o
eu-lírico da canção. Ambos são conscientes da distância entre os seus desejos e as suas realidades. Ao mesmo tempo, os dois sabem que o destino de suas vidas
estão em suas próprias mãos, não nas de outro ser.
Embora Sísifo foi castigado, ele o foi por
conta de suas próprias atitudes: o mortal enganou e negou os deuses, seu destino lhe
pertence e ele o vive. Ao querer vivê-lo, os deuses são negados novamente.
Assim é o homem, assim é o eu-lírico, que sabe que “o fim da linha é só o
início de uma nova linha, de um novo mundo, de um dia-a-dia cada vez mais
absurdo”, que continua fazendo de tudo, embora nada faça sentido.
Por fim, para comentar sobre a forma dessa
estrofe, temos o uso de anáforas (palavras ou frases repetidas), com as
palavras “tão” e “de uma nova / de um”. Além disso, pode-se dizer que a
repetição das ações do eu-lírico reflete na construção de toda a letra, com
suas repetições de versos: “A gente faz de tudo / Mas nada faz sentido”, “Não
posso entender o que fizeram com nossas vidas / Não posso entender por que
viramos suicidas” (além do verso ainda não citado “Eu já pensei em mandar tudo
pro [...]”). Há, também, uma aliteração em [D]: “De uma nova linha, De um
novo munDo / De um Dia-a-Dia caDa vez mais absurDo”.
Não ao suicídio, sim à vida e ao absurdo
Finalmente, a última estrofe inédita, na qual
percebemos que o eu-lírico não se suicida. “Ficar sozinho numa noite de inverno”
pode se referir ao medo de descartar a vida, sozinho. Ato nada condenável,
posto que
No apego de um homem
à vida há algo mais forte que todas as misérias do mundo. O juízo do corpo tem
o mesmo valor que o do espírito, e o corpo recua diante do aniquilamento.
Cultivamos o hábito de viver antes de adquirir o de pensar. Nesta corrida que
todo dia nos precipita um pouco mais em direção à morte, o corpo mantém uma
dianteira irrecuperável. (CAMUS, 2016, p. 23)
E, também, porque
(...) a experiência
absurda se afasta do suicídio. Pode-se pensar que o suicídio se segue à
revolta. Mas é um engano. Porque ele não representa seu desenlace lógico. É
exatamente o seu contrário, pela admissão que supõe. O suicídio, como o salto,
é a aceitação em seu limite máximo. Tudo se consumou, o homem retorna à sua
história essencial. (...) (CAMUS, 2016, p. 60)
Assim, o eu-lírico assume de uma vez a sua
liberdade de ação, a sua responsabilidade e o seu medo, aceitando o seu destino
e a sua vida — irreconciliadamente, não de bom grado, pois o homem absurdo vive
lutando. Sabemos que o eu-lírico não desistiu, não se rendeu, porque os últimos
versos são os mesmos do início: “A gente faz de tudo, mas nada faz
sentido”. Ele prosseguiu, completando o ciclo, assim como Sísifo.
Últimas palavras
Há quem diga que “a ignorância é uma benção”,
mas devemos discordar. Na ignorância, Sísifo continua a fazer o seu trabalho; na
ignorância, um homem pode se suicidar. Ao contrário, com a consciência, o homem
pode se revoltar e, mais do que escolher entre o que lhe foi dado, ele pode
criar novos caminhos a serem seguidos.
Com este texto, tentei fazer um pouco mais do
que apenas ouvir a música maquinalmente, como a maioria faz. Preciso dizer,
também, que apenas comentei sobre o conceito do absurdo (em momento algum
pretendi esvaziar o tema — longe disso!). Que essa reflexão sirva apenas como motivação para
irmos além, tanto no assunto, quanto nas audições de algumas músicas e artistas que nos
permitem tais aprofundamentos.
Mais do que carregar a pedra até o cume, mais do que escutar a música, tentemos contemplá-la(s).
Referências
CAMUS, Albert. O
mito de Sísifo. Tradução de Ari Roitman e Paulina Watch. 6 ed. Rio de
Janeiro: BestBolso, 2016
LUCCHESE, Alexandre. Infinita
Highway: Uma carona com os Engenheiros do Hawaii. Caxias do Sul: Belas
Letras, 2016.