segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Uma pequena reflexão #4: Internet, estando sem estar

A Internet é o lugar para eu ficar onde não estou. Gosto das fotos de corpo todo, porque assim o foco fica longe e eu escondo os meus defeitos de mim e dos outros. Enquanto isso, a visão se dispersa pela minha expressão, roupa, cenário, e, às vezes, falsas companhias. Falsas porque, na verdade, nenhum de nós está ali; o corpo está, mas não a consciência. Na internet é o oposto, a mente é que está lá, não o corpo. Aí, para o telespectador, só resta a imaginação, vendo as fotos falsas ou palavras de alguém que não está ali. Às vezes, esse alguém nem existe.

4 comentários:

  1. Parece uma dualidade, uma dicotomia. De acordo com a subjetividade do leitor, várias coisas podem ser interpretadas. Pelo teor da expressão, ela é extremamente pessoal, parece-me que o único objetivo concreto é só ser conhecido pelo próprio autor.

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    1. É realmente dialética a relação do ser humano com a internet. Não nos esqueçamos da fetichização.

      Sobre o texto, eu queria ter escrito ele em versos, mas lembrei que um dos poetas que mais gosto, Mario Quintana, às vezes escrevia pequenos textos em prosa e dava um título. Assim também o fiz.

      Realmente não creio que o texto esteja tão subjetivo. A internet é o local para ficarmos onde não estamos, nessa passagem, lembro do filósofo Michel Foucault, quando ele fala sobre a utopia, sobre o espelho. Aparecemos no espelho, mas não estamos lá; o mesmo vale para a internet (Ghiraldelli já trabalhou isso também) — é só uma lembrança ao texto dele, pois ele é muito, mas muito mais profundo.

      Creio não ser muito pessoal, porque acontece com todos. Estamos rodeados, todos os dias, com pessoas que não estão pensando no ali e no agora; mas no amanhã (ou no ontem) e em outro lugar (e com outras pessoas, ou sozinho). Mas, externamente, estamos todos juntos.

      Aí sim, a questão final é subjetiva: na internet, o que é, de fato, verdadeiro? Mesmo havendo as fotos, podem ser montagem; podem ser fingidas (o sorriso, a tristeza, etc.), e o mesmo vale para as palavras.

      Se tudo é fingido ou moldado, ou cópia do real, onde está o real e como ele é realmente? "Às vezes, esse alguém nem existe", podem ser os fakes, ou fingimentos do que queremos ser ou mostrar.

      Mas triste mesmo é quando não sabemos o que somos, e acreditamos em nossa própria fantasia.

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    2. Pois bem, ao falar de dialética podemos nos lembrar de Hegel e Marx. Tendo em vista que citou o termo fetiche, notamos que voltou-se à Marx. De fato em muito a internet nos apresenta a "ostentação" do fetiche da mercadoria.

      O texto de fato não está tão subjetivo, mas abre espaço para a "subjetivização extrema", ademais, cada um vai analisar dentro desse contexto e mediante a abordagem dos conceitos subjetiviza-los.

      A internet é um meio onde as pessoas tem a oportunidade de aparentar o que não são e poderem se expressar seja sinceramente ou de maneira manipulada sem ser contestado de imediato.

      Quanto seus três últimos comentários, não mudo uma vírgula sequer.

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    3. Sim, voltei-me a Marx (e à dialeticidade de Hegel). É o que você disse mesmo.

      Sim, não é muito, mas há um pouco de subjetividade, depende do leitor.

      Sobre seu terceiro parágrafo, as pessoas podem se expressar não apenas sinceramente ou de maneira manipulada, mas também de forma manipuladora.

      Obrigado pelos comentários, como sempre, muito bem vindos e que engrandecem os textos.

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