“Toda forma
de poder” é uma música da banda Engenheiros do Hawaii, lançada em 1986, no
álbum “Longe Demais das Capitais”. A letra, de cunho político, faz uma crítica
aos governos e, como diz o próprio título, a “toda forma de poder”. É bom
lembrar que a Ditadura Militar havia acabado há pouco tempo no Brasil, por isso
a banda e tantas outras ainda discutiam esse tema.
O que chama a atenção nessa música é que, além do título, obviamente, a canção sugere, nos seus primeiros segundos, sobre o que tratará: a bateria de Carlos Maltz é tocada num ritmo de marcha, que pode ser associada ao Exército, aos militares, que estiveram no poder até há pouco tempo, considerando a data de 1986, um ano após o fim da Ditadura. E depois, no primeiro verso da letra, é feita uma crítica à linguagem usada pelos políticos/governantes/pessoas importantes, algo que, como será mostrado, está associado à “novilíngua”; ao mesmo tempo, ironicamente, em seguida, essa mesma estratégia é usada pelo próprio eu-lírico. Eis a letra:
Toda forma
de poder
Eu presto
atenção no que eles dizem
Mas eles não dizem nada (Yeah, yeah)
Fidel e Pinochet tiram sarro de você que não faz nada (Yeah, yeah)
E eu começo a achar normal que algum boçal
Atire bombas na embaixada
(Yeah yeah, uoh, uoh)
Mas eles não dizem nada (Yeah, yeah)
Fidel e Pinochet tiram sarro de você que não faz nada (Yeah, yeah)
E eu começo a achar normal que algum boçal
Atire bombas na embaixada
(Yeah yeah, uoh, uoh)
Se tudo
passa, talvez você passe por aqui
E me faça esquecer tudo que eu vi
Se tudo passa, talvez você passe por aqui
E me faça esquecer
E me faça esquecer tudo que eu vi
Se tudo passa, talvez você passe por aqui
E me faça esquecer
Toda forma
de poder é uma forma de morrer por nada
(Yeah, yeah)
Toda forma de conduta se transforma numa luta armada
(Uoh uoh)
(Yeah, yeah)
Toda forma de conduta se transforma numa luta armada
(Uoh uoh)
A história
se repete
Mas a força deixa a história mal contada
Mas a força deixa a história mal contada
Se tudo
passa, talvez você passe por aqui
E me faça esquecer tudo que eu vi
Se tudo passa, talvez você passe por aqui
E me faça esquecer
E me faça esquecer tudo que eu vi
Se tudo passa, talvez você passe por aqui
E me faça esquecer
E o
fascismo é fascinante
Deixa a gente ignorante e fascinada
É tão fácil ir adiante e se esquecer
Que a coisa toda tá errada
Eu presto atenção no que eles dizem
Mas eles não dizem nada
Deixa a gente ignorante e fascinada
É tão fácil ir adiante e se esquecer
Que a coisa toda tá errada
Eu presto atenção no que eles dizem
Mas eles não dizem nada
Se tudo
passa, talvez você passe por aqui
E me faça esquecer tudo que eu vi
Se tudo passa, talvez você passe por aqui
E me faça esquecer
E me faça esquecer tudo que eu vi
Se tudo passa, talvez você passe por aqui
E me faça esquecer
Se tudo
passa, talvez você passe por aqui
E me faça esquecer tudo que eu vi
Se tudo passa, talvez você passe por aqui
E me faça esquecer
E me faça esquecer tudo que eu vi
Se tudo passa, talvez você passe por aqui
E me faça esquecer
//
//
Logo de
início, nota-se a percepção do eu-lírico quanto à espécie de novilíngua: “Eu
presto atenção no que eles dizem / mas eles não dizem nada”. A novilíngua,
idioma fictício do governo autoritário de “1984”, livro de George Orwell, “é o
processo de manipulação da linguagem que invade o campo político, esvazia o
discurso e, como pesadelo de Orwell, instrumentaliza a esfera pública”. Todos
sabemos o quanto os políticos enrolam em seus discursos, mudam de assunto,
utilizam frases prontas, frases de efeito (às vezes contraditórias), enfim,
“falam sem falar”, com intuito de se distanciarem do assunto principal. É a novilíngua, muito utilizada por
ditadores.
Em seguida,
o eu-lírico diz que Fidel Castro e Pinochet dão risada de nós, pois não fazemos
nada, e que ele já começa a achar normal que algum boçal/ignorante — fascista?
— atire bombas na embaixada. É que a novilíngua é “capaz de minar o hábito de
ouvir, a atenção e a concentração, formando pessoas que deixam de pensar a
política como uma esfera de atuação em seu cotidiano” e assim, acostumam-se,
apenas seguem o que é dito, acreditam que todos os discursos são iguais e
mentirosos, alienam-se.
Os nomes
Fidel e Pinochet podem ser trocados por vários outros, aqui mesmo, no Brasil,
temos tantos políticos que caçoam de nós, que criam leis que beneficiam a eles
e nos prejudicam, no entanto, nós não fazemos nada para combatê-los; ou ainda,
nem precisa ser político, mas líderes religiosos ou certos “artistas”, que
soltam seus ideais e passam por cima de leis e nada lhes acontece.
Para quem
não sabe, Fidel Castro foi o revolucionário cubano, líder ao
lado de Che Guevara na Revolução Cubana, que tirou o ditador Fulgêncio Batista
do poder e que implantou o Comunismo. Embora Cuba tenha melhorado em
muitos sentidos desde então, Fidel Castro continuou
sendo autoritário. Assim, o eu-lírico critica a “extrema esquerda”.
Por outro
lado, Augusto Pinochet, comandante do exército chileno, foi quem liderou o
golpe militar de 1973 e implantou uma ditadura sobre o Chile. Autoritarismo e
fascismo resumem o que foi o “governo” de Pinochet. Assim, o eu- lírico critica
a “extrema direita”.
Em seguida,
chega o refrão, e é nesta parte em que o eu-lírico, conscientemente, aproxima-se
da novilíngua, distanciando-se totalmente do discurso proferido na
primeira estrofe.
Se no
primeiro verso ele reclama que presta “atenção no que eles dizem, mas eles não
dizem nada”, agora, quem não diz nada é o próprio eu-lírico: “Se tudo passa,
talvez você passe por aqui / E me faça esquecer tudo que eu vi / Se tudo passa,
talvez você passe por aqui / E me faça esquecer”.
Além de
fugir do assunto político que estava sendo discutido, neste momento o eu-lírico
canta mais devagar, repete algumas frases e ainda se utiliza de um jogo de
palavras que faz o refrão ser a parte mais memorável da música. Observemos o
jogo de palavras usado, destacadas as sílabas que o compõem: SE – pasSA – voCÊ
– pasSE – faÇA – esqueCER – SE – pasSA – voCÊ – pasSE – faÇA – esqueCER.
Não é à toa
que a maioria das pessoas lembra somente desta parte da música, esquecendo-se
totalmente (ou nem percebendo/refletindo) o teor crítico do resto dela. E isso
acontece na maioria das músicas.
Passando o
refrão, o eu-lírico volta com suas críticas e diz que “toda forma de poder é
uma forma de morrer por nada”, pois “toda forma de conduta se transforma numa
luta armada”. Aqui se mostra quase um niilismo do eu-lírico,
pois este não vê sentido em forma alguma de poder, seja de “direita" ou de
"esquerda”, além disso, há a denúncia de que todo extremismo causa
revoltas/ lutas armadas.
Ainda nesta
parte, é importante perceber a construção dos versos, que é bem composta. “Toda
forma de poder é uma forma de morrer por nada” possui uma rima interna, com as
palavras “poder” e “morrer”, que, aliás, são de classes gramaticais diferentes
(substantivo e verbo), o que cria uma rima rica. Outra rima interna acontece em
“Toda forma de conduta se transforma numa luta armada”, com as palavras
“conduta” e “luta”. Isso mostra o cuidado e a habilidade do letrista, no caso,
Humberto Gessinger, já no primeiro álbum.
Termina-se
essa estrofe dizendo que “a história se repete / mas a força deixa a história
mal contada”, até porque, geralmente quem sobra para contá-la é o vencedor. Ou,
como disse Napoleão (que, por ter ficado na História, pode ser considerado um
vencedor, mesmo após sua última derrota): “A História é um conjunto de mentiras
sobre as quais se chegou a um acordo”. A força e o autoritarismo deformam os
fatos e criam ideologias, por sua vez, camufladas por discursos.
É interessante
notar que o eu-lírico, ao terminar de cantar a última palavra da estrofe,
“contada”, fica repetindo as duas últimas sílabas: “ta” e “da”, como se fosse
um eco, assim como é dito que a história se repete, mas mal contada, contada
pela metade, contada só o final. Outra interpretação possível é a de que essas
duas últimas sílabas, ao serem repetidas, conotam uma onomatopeia, o som de uma
arma, representando o tipo de “força” que “deixa a história mal contada”.
Depois
disso, volta o refrão que nada tem a ver com o conteúdo da música, agora com
mais de uma voz e cantado mais alto. Talvez, implicitamente, esteja mostrando
que para a fuga há mais forças/pessoas/vozes, mas para a crítica...
Por fim,
depois de tantos indícios que o eu-lírico já tinha dado, ele fala do fascismo.
Diz que o “fascismo é fascinante / deixa a gente ignorante e fascinada / É tão
fácil ir adiante e se esquecer / Que a coisa toda tá errada / Eu presto atenção
no que eles dizem / Mas eles não dizem nada”.
Além de ser
real, essa estrofe é atual. Ora, o fascismo, a violência, o poder, realmente
atraem/fascinam. Dão uma resposta simples e rápida para problemas difíceis e
complexos. Assim nascem as ideologias. O Nazismo, por exemplo, deu uma resposta
muito simples e rápida para todos os problemas na Alemanha: extermínio de
judeus. Disseram, na época, que o problema de toda a situação ruim (seja
econômica, cultural etc.) da Alemanha era a presença dos judeus, sendo assim, a
solução era somente exterminá-los. Não houve autocrítica nem diálogo,
apenas imposição e eliminação de um ao outro. Hoje, ataques às minorias (defendidos
por pessoas importantes, inclusive!) continuam acontecendo, sem reflexão nem
diálogo. É o fascismo em escala menor, porque não oficializado.
Voltando à
novilíngua, ela foi e ainda é muito utilizada por ditadores e fascistas, tanto
que antes de ela possuir esse nome, era referida como “linguagem stalinista”
(Stalin, como se sabe, foi um ditador da União Soviética). A ideia de
punição/aniquilação/destruição, isto é, o fascismo, fascina e “deixa a gente
ignorante”. Dão-se respostas simples e rápidas, porque é “tão fácil ir adiante
e se esquecer que a coisa toda está errada”.
//
Não nos deixemos enganar
pela linguagem, não nos deixemos cair em ideologias; pensemos antes de agir,
porque ao agirmos sem pensar, se não for por emoção e desatenção, é por
intenção, é por pretensão, é por ação imediata, ao invés de reflexão, opinião e
ação sensata.
Engenheiros
do Hawaii é uma banda brasileira de rock, liderada por Humberto Gessinger,
criada em 1984, esteve em atividade até 2008, ano em que a banda entrou em
“pausa” e está até hoje.
REFERÊNCIAS
JANUÁRIO,
Marcelo Gallio. O vazio do discurso:
Como uma linguagem vaga pode
transformar-se em ferramenta eleitoral. Disponível em: <http://revistalingua.com.br/textos/84/o-vazio-do-discurso-271230-1.asp>. Acesso em: 07. Jul. 2015.
ENGENHEIROS do Hawaii. In: Wikipédia:
a enciclopédia livre. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Engenheiros_do_Hawaii>. Acesso em: 07/07/2015.
Seria pedir demais uma análise de ''Longe demais das capitais'' e ''Surfando Karmas e DNA''?
ResponderExcluirótima visão, parabéns.
Olá! Muito obrigado, Clair! Olhe, não prometo nenhuma das duas, mas prometo uma análise de "Nossas Vidas", do mesmo álbum Longe demais das capitais. Espero que você goste dela. Talvez eu faça dela (Longe demais das capitais) também. É que eu só faço essas análises nas férias, que é quando estou livre de trabalhos da faculdade (e faço trabalhos por conta própria rsrs). Fiz outras quatro análises além dessa, mas mais voltadas ao Heavy Metal (bandas: Almah, Andre Matos, Helloween — essa eu analisei junto do videoclipe — e Black Sabbath). Tenho em mente analisar a Nossas Vidas — lerei ao menos um livro para embasar a análise —, do Engenheiros; My Eternal Dream, do Stratovarius (pretendo analisar junto do videoclipe); Zombies Dictator, do Almah. E outra, que ainda não decidi rsrs Muito obrigado por ler, apoiar e sugerir opções!
ExcluirMuito bom essa analise, resumiu tudo que eu penso em forma que eu não conseguiria escrever.
ResponderExcluirMuito obrigado!
ExcluirAnálise super detalhada, precisa, impecável! Obrigado pela contribuição e parabéns pelo trabalho!
ResponderExcluirEu que agradeço! Muito obrigado!
ExcluirNunca uma música traduziu tão bem esse momento de retrocesso q estamos vivendo.
ResponderExcluirAnálise muito boa Carlos, com uma "aula de história" ainda (rs), parabéns! Sucesso.
É um retrocesso mesmo, Géssika, mas como disse Chico Buarque: "Amanhã vai ser outro dia". Muito obrigado!
ExcluirQue post incrivel, achei muito esclarecedor!! Parabéns :)
ResponderExcluirjeveuxxl.blogspot.com.br
Que bom que gostou, Rafaela ^^ Dentro de uma ou duas semanas postarei uma análise da "Nossas vidas", ainda do primeiro álbum dos Engenheiros.
ExcluirObrigado!
Muito importante analisar essa letra que já no título "Toda forma de poder" já se tornava subversiva pra época dos anos 80 onde o Brasil havia saído de uma recente "ditadura militar". Sei que a análise ainda que boa não se esgota, mas foi muito pertinente contextualizar e até mesmo fazer um paralelo com a atualidade onde estamos vivendo uma "polaridade" entre os ditos "esquerdistas" e os "direitistas" em que termos como Ditadura, Fascismo, Cuba, Fidel citado na música podem ser infinitamente interpretados cada qual ao seu bel prazer. E na canção fica claro que já na época dos anos 80 o Eu-Lírico assume uma postura "niilista" ante a toda forma de poder que só gera violência em que os governantes e estadistas que podem ser facilmente substituídos por alguns atuais, pois o que importa é o estereotipo da personificação do poder onde aparecem figuras "messiânicas" prometendo "salvar o povo" das mazelas sociais.
ResponderExcluirCanção que dá pra trabalhar a nossa historiografia onde se diz " a história se repete e deixa a história mal contada". você citou Napoleão Bonaparte e essa mesma personagem pode ser considerada do ponto de vista das história dos vencedores. Ou seja, é interessante sempre desconfiar, problematizar quem nos conta a história. Quem nos diz que isso é fascismo? Porque toda forma de poder é assim e/ou assado? Quem é o autor da canção, o que ele Leu o inspirou? Porque hoje cantamos a canção e despolitizamos a mesma?
Mas pra não estender, parabéns pelo texto e até
Muito bom comentário, Robério. Obrigado. Até mais!
ExcluirGostei muito, isso nos leva a refletir sobre a repetição, sobre a reprodução do fato histórico, da ação humana e da manipulação que as elites (força-vencedores) exercem sobre nossas vidas. Parece que aqueles que fazem algo são sempre minoria, e quando essa minoria chega lá segue repetindo a história. Mas, mesmo assim, ainda creio no homem!
ResponderExcluirObrigado, João Siebra. É um triste ciclo. Mesmo assim, devemos crer e agir — ao menos em nosso tempo de possibilidade de atuação.
ExcluirO Bolsonoro é o maior exemplo de que o fascismo é fascinante. Num momento de momento de embriaguez politica, esses aproveitadores aparecem com proposta para ignorantes. Toda forma de poder... muito lucido e atual sua analise Carlos.
ResponderExcluirNo Brasil atual, com certeza, Wallace. Pode perceber que a maior parte dos seguidores deste cara ainda é criança/adolescente, gente que não possui uma visão ampla e crítica sobre o mundo, infelizmente. Muito obrigado.
Excluir2018 e o fascismo batendo à porta de nosso país. Uma cegueira coletiva assustadora. Um fanatismo que diminui toda a história tão recente e sofrisa do Brasi.
ExcluirMaravilhosa essa análise. Atemporal. Descreve com clareza nossa situação. Parabéns!
É realmente lamentável o que estamos vivendo, Daiane. Só de haver tantos adeptos a certos discursos e atos, já é para nos decepcionarmos.
ExcluirQue bom que gostou da análise. Hoje, passado alguns anos de tê-la escrito, tenho outra interpretação sobre alguns versos, mas, ainda assim, muito obrigado!
Vocês estavam certos...
ExcluirÓtima análise
ResponderExcluirQue bom que gostou, Bianca. Obrigado ^^
ExcluirParabéns!
ResponderExcluirPerfeita análise.
Não a considero perfeita, Elainy, mas, ainda assim, muito obrigado!
ExcluirUau
ResponderExcluirParabens!!
Que bom que gostou, Rafaela. Obrigado!
ExcluirEssa musica, essa analise maravilhosa e rica em conteúdo da pra refletir muito inclusive nessa eleição.
ResponderExcluirNovamente, obrigado pelo elogio, Rafaela. Qualquer música dos Engenheiros do Hawaii, minha banda de rock nacional preferida, sempre propõe reflexões e, por isso, são sempre atuais.
ExcluirPerfeita a análise! Engenheiros é show e vc nos fez refletir mais ainda nesse momento político que estamos presenciando! 👏👏👏👏
ResponderExcluirQue bom que gostou, Dora, embora eu não ache que a análise esteja ou seja perfeita rss, pelo contrário, escrevi o texto em 2015, hoje tenho uma nova visão sobre alguns versos e discordo de algumas interpretações que tive na época. Ainda assim, muito obrigado! O momento atual está crítico...
ExcluirPena que você distorce a letra da canção, colocando seu ponto de vista nela. O eu-lírico claramente não vê lado bom em posicionamentos de esquerda ou direita. Porque pra ele TODA FORMA DE PODER é nociva. Cuba tem melhorado em diversos sentidos? Sei.....
ResponderExcluirNenhum discurso é neutro, Ieverton, portanto, a análise contém, sim, o meu ponto de vista sobre a música e sobre o mundo. Que bom que você sabe disso e de outras coisas. Obrigado pelo comentário.
ExcluirEntão eu me precipitei. Achei que a análise fosse da música do Humberto Gessinger e não discurso político.
ExcluirMas não estou aqui pra discordar ou concordar com seu ponto de vista. Até porque concordo plenamente com a letra da música. E com a citação que você fez em outro comentário:
"Esquerda e direita, direitos e deveres, os 3 patetas, os 3 poderes, ascensão e queda são dois lados da mesma moeda. Tudo é igual quando se pensa em como tudo poderia ser, há tão pouca diferença e há tanta coisa a escolher".
Não sei se vcs sabem, mas Humberto Gessinger não é de esquerda! E Fidel, amigo do PT estana letra!
ResponderExcluirAugusto, a gente sabe, sim. Pinochet, ex-líder do regime chileno considerado exemplo por gente da direita, inclusive do atual governo, também está sendo criticado na letra. "Esquerda e direita, direitos e deveres, os 3 patetas, os 3 poderes, ascensão e queda são dois lados da mesma moeda. Tudo é igual quando se pensa em como tudo poderia ser, há tão pouca diferença e há tanta coisa a escolher" - Engenheiros do Hawaii.
ExcluirCarlos adoro suas análises vc me permite usá-la em um vídeo do meu canal? Vou dar os créditos certinho
ResponderExcluirPensando Nisso, do canal "Pensando Nisso."? rsrs Poxa, que bom que gosta do que escrevo, muito obrigado! Desde que referencie, pode, sim. Quando fizer o vídeo, mande-me o link, para eu assistir e divulgar!
ExcluirSó lembrando que eu escrevi esse texto há quatro anos, hoje tenho outras ideias sobre a mesma letra e interpretações sobre parte da sonoridade que não foram pensadas e escritas aqui, mas que não insiro neste texto em respeito ao que fiz na época.
Há outras análises neste blog, inclusive dos Engenheiros do Hawaii, e que considero bem melhores, como a da desconhecida "Nossas vidas"; e de outro artista, gosto muito da que fiz da pequena "Prelúdio", do Raul Seixas. Caso não tenha visto essas duas, se possível, dê uma olhada, acho-as interessantes... rsrs
Novamente, obrigado! Espero pelo vídeo!
Caso não tenha visto e queira ver as análises mencionadas, estes são os links:
ExcluirEngenheiros do Hawaii: http://palavrasaleatorias09.blogspot.com/2017/01/a-relacao-entre-os-engenheiros-do.html
Raul Seixas: http://palavrasaleatorias09.blogspot.com/2018/03/conteudo-e-forma-importancia-da.html
Este comentário foi removido pelo autor.
ExcluirPensando Nisso., eu posso, sim, mas penso que, sendo o vídeo seu, a interpretação sua, não é necessário que eu atualize a análise. Acabei de lê-la e vi que o que eu mudaria seriam alguns exemplos de respostas simples para problemas complexos, pois os que usei hoje não estão mais em voga. Poderia ter usado exemplos atemporais.
ExcluirSobre a sonoridade, tenho algumas poucas ideias novas que não havia percebido antes. Podemos conversar. Obrigado pelo interesse.
Aguardo seu WhatsApp
ResponderExcluirParabéns, tu tens uma capacidade de percepção muito rara, poderia fazer uma análise da letra de "O Exército de um homem só". Obrigado pelo belo texto.
ResponderExcluirQue bom que gostou. Eu adoro essa música que você citou, quem sabe um dia eu venha a trabalhá-la. Mas confesso que, se eu analisar mais uma dos Engenheiros, já tenho em mente qual será, a "Muros e grades", que é a minha preferida. Quem agradece sou eu, muito obrigado!
ExcluirDesculpe- me pela intromissão rs, eu adoro o Exército de um homem só. Uma dica, leia o livro de Moacyr scliar, esta música foi inspirada nessa novela de Moacyr.
ExcluirA música é interessante. Se você quiser baixar músicas grátis, você pode acessar o site Mp3tomato.com
ResponderExcluirQuanta besteira junta!
ResponderExcluirQuem bota bomba em embaixada??
poxa, legal pela postagem. Eu sou de português também, vou dar aula de interpretação de texto usando música e essa é uma selecionada, amo engenheiros de coração.
ResponderExcluirQue bom que gostou. Obrigado! Engenheiros é minha banda de rock nacional preferida. Espero que tenha dado boas aulas de interpretação.
ExcluirEstou trabalhando com a disciplina de Sociologia no Ensino Médio e tive a oportunidade de encontrar neste blog a música que dinamizará minha aula que fala sobre as FORMAR DE PODER. Ao analisar a interpretação de Carlos Siqueira, percebi quanto a música irá contribuir para o enriquecimento de minha aula. Muito obrigado pela análise musical
ResponderExcluirBlog teste, que bom que gostou da análise (que eu escrevi há tanto tempo...), espero que meu texto auxilie na sua aula ou na preparação dela, e que os alunos gostem da música, que é uma das minhas preferidas da minha banda favorita do rock nacional. Muito obrigado! Boa sorte e empenho!
ExcluirOlá. Eu tenho uma certa resistência em concordar que Humberto Gessinger faz uma crítica ao comunismo de Cuba. Mas, valeu pela análise.
ResponderExcluirOlá. Tudo bem, não há problema em não concordar com a análise rsrs Obrigado!
ExcluirEi Carlos, já passou algum tempo desde o dia desta postagem, e muita coisa aconteceu no Brasil e no mundo de lá para cá. Os fatos da atualidade no Brasil corroboram cada vez mais as idéias tratadas nesta feliz (ou infeliz ?) letra. Os ideais da direita alternativa (alt-right), ou a nossa própria extrema direita fascista ( a nossa consegue ser a mais exótica ou pirotesca de todas), assim como os ideais perigosos, sanguinários e apocalípticos de Steve Bannon, que sussurra uma "nova" ordem fascista nos ouvidos de Trump e outros líderes e movimentos populistas no mundo todo, inclusive no ouvido da família Bolsonaro, que aceitou integralmente sua colaboração para a campanha presidencial. A reinvenção de um monstro comunista que quer engolir o mundo e a instauração do medo e do conservadorismo cristão ortodoxo.. acho que a história está se repetindo com toques decisivos de tecnologia e outros pontos que estenderiam demasiadamente este post.
ResponderExcluirBela análise Carlos. Digna de ser favoritada, lida, relida, analisada, compartilhada. Espero você esteja ok, ok ??
Agradeço a disposição.
Olá, Thiago Echoes (Echoes, do Pink Floyd? rsrs). Está tudo bem, sim, obrigado por perguntar.
ExcluirPois é, quando eu escrevi este texto, a Dilma nem havia sofrido o impeachment ainda. Você está certíssimo, a letra é feliz, por ser atual e muito boa, já infeliz é o nosso tempo, repetindo-se, descendo, como Sísifo...
Eu quem agradeço pela atenção e pelo comentário!
É incrível (e triste) que esta letra de 86 esteja tão atual ainda, talvez até mais pertinente hoje do que quando foi escrita.
ResponderExcluirBela análise!!
É dialético, porque, ao mesmo tempo que é triste que a realidade continua a mesma, é isso que faz a música ser boa, atual, não ficar ultrapassada...
ExcluirMuito obrigado!
É uma pena que na época não entendíamos a letra nem a dinâmica política... Poderíamos ter mudado muita coisa!
ResponderExcluirParabéns Carlos! Vou usar muita informação em minha aula de matemática, quando trabalhar este texto musical! A sociedade precisa saber INTERPRETAR!
Grata pela contribuição.
Que bom que gostou, Alessandra. Eu quem agradeço pela leitura e comentário: muito obrigado! Fico curioso sobre como você usará uma análise assim numa aula de matemática. rsrs
ExcluirParabéns pela análise! Essa música é, feliz e infelizmente, eterna. Sempre na história haverá um grupo com penaamentos, ideologias fascistas sugerindo respostas fáceis e impondo discursos de ódio.
ResponderExcluirSó no refrão que sempre interpretei de uma forma diferente. Usando ainda como base Orwell, sempre imaginei o eu-lírico como se, ainda num tom de lamento por todo o cenário, estivesse desistindo e sendo levado para "esquecer" pelo Estado fascista, o você do refrão. Sei lá, achei até coerente com o espírito do eu-lírico nas afirmativas anteriores, mas posso eatar escapando algo...
Grande abraço!
Com certeza, Elver Gobbi. Tudo o que é crítico e continua atual tem o seu caráter dialético.
ExcluirFique tranquilo, escrevi o texto em 2015. De lá para cá, mudei a minha forma de interpretar esse trecho também, além de ter percebido outros elementos sonoros que me passaram batido na época.
Muito obrigado!
Eu estou simplesmente ENCANTADA COM SUA ANÁLISE!!
ResponderExcluirEstava buscando interpretações sobre a música para poder fazer uma arte em cima e encontrei seu texto.
Eu estou realmente sem palavras com tanta inteligência e percepção, simplesmente incrível.
Eu sempre ouvi a parte "Se tudo passa, talvez você passe por aqui e me faça esquecer tudo que fiz" como alguém que o fizesse esquecer de todas essas polarizações e controversas políticas, mas ao ver sua análise sobre esta parte o meu cérebro explodiu!! Porque SIM, é exatamente isso, no dia a dia muitas vezes eu canto realmente só essa parte da música.
Grata por compartilhar conosco tudo isso, fez a minha noite <3
Que maravilha, Pini Bunny!
ExcluirMuitíssimo obrigado! A sua interpretação sobre o refrão não está errada, só é diferente da minha.
Eu que agradeço pela atenção e pelos elogios, fiquei muito contente, mesmo! Muito obrigado!
Ah, e, se possível, se quiser e puder, quando puder e quiser, mostre a sua arte para mim depois, deixe o link aqui ou entre em contato pelo meu facebook. Ficaria agradecido! S2
2021, mas sempre é tempo para mais um merecido elogio à sua análise.
ResponderExcluirVisão inspirada, profunda e coerente, transmitida em um texto muito bem escrito.
Parabéns.
*2022, claro.
ExcluirQue bom que gostou! Muito obrigado!
ExcluirExcelente análise, Carlos. Me peguei refletindo sobre a canção algumas vezes, o quão profunda ela é, apesar do refrão "novilínguo". Procurei pela letra e cheguei ao seu texto! Obrigado! Glauber Silva
ResponderExcluirQue bom que gostou, amigo! Humberto, para mim, é um gênio! Muito obrigado pela atenção e pelo comentário. Hoje, não publico mais análises aqui, mas faço vídeos para o Youtube, comentando sobre livros. Se puder e quiser, dê uma conferida, só procurar por "Carlos Siqueira indica" que deve aparecer algo.
ExcluirEu que agradeço!
Alguém sabe dizer se essa letra é do Humberto ou do Nei Lisboa? A riqueza das rimas, do pensamento combinado mais com o jeito do Nei. Até a versão dele no violão é muito melhor.
ResponderExcluirO Humberto não parava de citar o Nei mas suas apresentações e rolou uma parceria até que o Augustinho pulou pro Engenheiros.
Daí pra frente alguma coisa aconteceu e essa música me intriga sobre a sua autoria.
Talvez seja só teoria, mas se alguém tiver algo a acrescentar, eu agradeço.
Mensagem dessa música é atemporal e serve para retratar o que estamos passando nos dias de hoje .
ResponderExcluirOlá Carlos!
ResponderExcluirParabéns pela análise! Eu não havia associado com a obra de Orwell. Gostei do pensar na Novi língua atuando no discurso político e de estar presente na letra.
Buscando a musica com letra no youtube, encontrei esse canal e percebi que é, quase todo, a leitura da sua análise. Deixo aqui.
https://www.youtube.com/watch?v=485ntPNxz_Q
Oi, Tosta! Obrigado! É, rapaz, eu estava ainda no começo do curso de Letras quando li um artigo sobre a novilíngua, antes mesmo de ler o Orwell, e lembrei da música na hora! Que bom que gostou! Quanto ao vídeo, então... Anos atrás, o dono desse canal entrou em contato comigo dizendo que gostava do meu trabalho etc. e que estava interessado numa parceria, mas no fim, ele só leu minha análise, falou que o vídeo foi feito em parceria com meu blog no último minuto e mais: antes de postar o vídeo, ele tinha sugerido algumas ideias, que eu recusei, porque eram todas criticando Cuba e as esquerdas e omitindo problemas da direita. Agora que você mencionou, fui lá clicar no vídeo e ver que o canal tem mais de 100 mil inscritos... Ele me chamou para outras "parcerias" na época, mas eu recusei, pois foi um dos meus arrependimentos na internet. Hoje, eu tenho meu próprio canal no Youtube, onde falo apenas sobre livros: https://www.youtube.com/@carlossiqueira2796
ExcluirMuito bom!
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