Os moralistas assemelham-se muito aos cães presos, dentro
das casas de seus donos, nos corredores. Todos os dias, caminho pelas ruas do
bairro com o “meu” cachorro e, infelizmente, tenho de ouvir os latidos dos cães
vizinhos, mas somente daqueles que estão atrás de um portão, pois os que estão
soltos continuam quietos, na deles. É engraçado, porque, às vezes, quando estão
livres, nas calçadas ou nas ruas, não latem e não avançam para cima do “meu”
cachorro.
Os moralistas são assim também: presos a algum local ou a
alguma coisa, gritam e ofendem quem está livre, mas na verdade o que possuem é a
vontade de estarem libertos, ou de que todos estejam presos como eles. Quando soltos, lá fora, ou quando fazem o que querem (às escondidas), vivem
suas vidas quietamente.