Nunca me considerei adulto. Até possuo o corpo de um, mas a
mente sempre foi de criança. Por isso, sinto-me feliz e triste; feliz, porque
tenho acesso a locais e a prazeres que só um adulto pode ter, além de ser
elogiado por alguns olhares sobre determinadas situações e por ter algumas
qualidades que poucos adultos possuem; triste, porque, às vezes, me cobram
atitudes ou ações que nunca tomei e que devo tomar, mas eu tenho muitos medos e
incertezas, o que é motivo de crítica por quem também me elogia.
Acredito que nascemos vazios e enchemos a vida com
experiências, sentimentos e coisas, porém, conforme crescemos, perdemos ou
descartamos parte dos dois primeiros, ficamos apenas com os terceiros. Uma
pena. Prefiro ser criança, pois assim continuo a ganhar vida e acrescentá-la à
Vida.
Uhum! Assim, não há o sentimento de abandono da criança para tornar-se adulto:
ResponderExcluir"A criança que fui chora na estrada.
Deixei-a ali quando vim ser quem sou;
Mas hoje, vendo que o que sou é nada,
Quero ir buscar quem fui onde ficou." (Fernando Pessoa)
É uma relação delicada. Tenho outros textos em que meu eu mais velho "conversa" com os eu mais jovenzinhos. Que bom que gostou! Adorei os versos do Pessoa! Não os conhecia! Muito obrigado, pela descoberta proporcionada e pelo comentário!
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