Num cômodo fechado, metido a estudante, conversava um chato casal de namorados ou de amigos:
— Nossa, como você está maravilhosa!
— Ah, pare! Eu não gosto de hipérboles...
— Mas não é hipérbole, na verdade, estou em dúvida se é um
tipo de eufemismo, porque “maravilhosa” é pouco, ou se é uma espécie de catacrese,
por não haver palavras para te descrever!
— Bobo, crie uma palavra, então... Um neologismo...
E assim prosseguiram, num jogo de luzes e sombras, trocando
e tocando em assuntos que deveriam ficar fora do cômodo.
Todos somos figuras de linguagem, mas aqueles dois são da
mais chata possível.