segunda-feira, 25 de abril de 2016

Poeminha pessoal

Sou pobre,
por isso,
o presente
que posso
te dar
é só a presença
(ou ausência,
se preferir).

Show do Avantasia - 24/04/2016: um pequeno relato pessoal

Ontem, vi, pela primeira vez, o supergrupo Avantasia, após ter passado por uma semana de provas e ter feito uma delas até mesmo no domingo (porque quis fazer, concurso público da cidade). Foi como uma recompensa.

É sempre uma viagem, para mim, ir ver essas bandas, pois não moro no centro de SP; porém, a viagem não é somente física, é um momento em que não estamos em lugar algum: não há um distanciamento, ao contrário, há aproximação. Sentimos fazer parte do instante.

Logo que entrei, ao ser revistado, fiquei decepcionado por não deixarem entrar com minha câmera (que nem é profissional), porque sempre a levei e nunca houve problemas, mas ontem foi diferente, tive de deixá-la no guarda-volumes. Mais desapontado ainda fiquei ao chegar à pista e ver várias pessoas com câmeras...

Mas não voltaria atrás para reclamar com os seguranças, pois perderia o meu lugar, que estava bem perto da grade (da pista comum) e era capaz de eles não devolverem minha câmera, mas tomarem as dos outros. Ao final, foi até bom, pois prestei mais atenção ao show.

Show este que durou (como havia sido prometido) mais de 3 horas e que começou 20 minutos mais cedo, porque Tobias Sammet foi explicar que deste concerto sairia um videoclipe para a música Draconian Love, e, para isso, seriam gravadas três versões da canção. Para quem não sabe, quem divide os vocais com o Tobias nesta composição é o Herbie Langhans (Sinbreed) — é preciso ressaltar a forma como este homem canta! Como canta! É igualzinho ao álbum!

Após cantarem as três versões, Tobi teceu diversos elogios ao público paulista, agradecendo-nos. A banda saiu do palco, as cortinas se fecharam e esperamos por mais dez minutos para o show começar de verdade.

Tudo ali é e foi emocionante, desde a música escolhida para anteceder ao início do concerto. Quem conhece um pouco do gênero Power Metal sabe que geralmente há uma música de entrada; o Avantasia usou a abertura de uma composição do grande músico Richard Strauss: Also sprach Zarathustra.

Dois detalhes, um pessoal e o outro, não: quem me conhece sabe que eu adoro a filosofia e a própria figura do Nietzsche, logo, adorei a escolha, visto que Assim Falava Zaratustra é meu livro preferido do autor e que gosto desse tipo de música também.  Aliás, pode-se dizer que a banda é alemã (mesmo contando com vocalistas do mundo todo, o idealizador do projeto, Tobias Sammet, é alemão) — Nietzsche e Strauss também o foram. Ainda sobre Strauss, é bom lembrar que ele foi um dos últimos compositores da Era Romântica. Ora, o Romantismo foi uma arte e forma de vida que preza pela emoção. Aquela opening é escolhida propositalmente para emocionar e dar ansiedade.

A banda iniciou, então, como já havia sido feito em concertos anteriores, com a primeira música do novo álbum: Mystery of a blood red rose, seguida pela faixa-título do mesmo disco, Ghostlights, que conta com a ilustre presença do Michael Kiske (Unisonic, ex-Helloween).

Ao final desta canção, quando o ex-vocalista do Helloween já ia saindo do palco, o público começou a gritar “Ole, ole, ole, Kiske, Kiske”, fazendo-o parar, fazer sinal de “jóinha” e olhar para o Tobi, como se dissesse: “Está vendo isso?”, ao que o Tobi, como sempre, brincando, disse: “São Paulo loves Michael Kiske? I’d like to tell you that he’s just a guest vocal” e ri.

Depois disso foram só hits da banda, não falarei na ordem porque... Mas falarei dos outros vocalistas convidados. Como já foi citado, Herbie Langhans foi um deles (e foi a sua primeira vez no Brasil). Em Draconian Love (que, aliás, foi tocada pela quarta vez — três sendo gravadas e uma pelo setlist) ele usa uma voz muito mais grave do que em outras músicas em que participa, alternando entre o grave, o médio e o agudo; é um grande vocalista. Em Wicked Symphony, substituiu Russel Allen de forma impecável.

Kiske, embora não tenha muita presença de palco, sempre ficando parado no meio ou no canto (desde os tempos de Helloween), possui uma enorme potência vocal, sempre cantando as notas mais altas sem nunca — nunca mesmo! — desafinar!

Um outro convidado foi o Ronnie Atkins, da banda Pretty Maids. Que voz! Percebe-se em suas expressões que ele canta com vontade, com firmeza, uma voz bem rasgada, típica do Hard Rock. Além de potência vocal, possui muita presença também.

Falando em Hard Rock e voz rasgada, ele não poderia faltar, o grande Jorn Lande. Com certeza, é o cara mais esperado para subir ao palco. Como disse Tobias: “I believe that something will happens when this keyboard starts to play”. Era a The Scarecrow que estava por vir e o público entrar em delírio, principalmente ao aparecer Jorn Lande. Não sabemos se foi por ordem do setlist ou se foi pelos pedidos do público por Lucifer, mas ela foi cantada em seguida. Embora seja muito responsável em suas partes, Jorn é como o Kiske, que fica mais parado.

Lande faz parte dos grandes vocalistas atuais (modernos), tanto do Heavy quanto do Hard. É sabido que quando Tobias idealizou o projeto Avantasia, ele chamaria os vocalistas que o influenciaram. Um deles é muito conhecido na cena Hard Rock: Eric Martin, da clássica banda dos Estados Unidos, o Mr Big.

Sua entrada já é conhecida dos últimos shows: sempre entra numa balada (What’s left on me), sentando-se na escadinha do cenário. Grande vocalista, com presença de palco, sempre brincando e interagindo com a platéia. Muito interessante vê-lo substituir o próprio Tobias, em Twisted Mind, e o Bob Catley, em Mystery of Time.

Além deles, havia a grande Amanda Somerville nos backing vocals, que cantou Farewell entre outras (em algumas, substituindo até mesmo o Tobias e o Kiske), e, também, o Oliver Hartmann, que toca e canta (muito)!

É preciso falar sobre o principal, o gênio fundador do Avantasia: Tobias Sammet. Além de cantar muito, é um cara bem divertido, sempre fazendo brincadeiras ou piadas. Como, por exemplo, quando jogaram ao palco uma bandeira metade do Brasil e metade da Alemanha e o próprio público começou a gritar “7x1”. Ao ouvir, Tobias respondeu, sorrindo: “Sorry! Sorry... ‘Sorry’... but it was you that started it! I took the flag and saw you with a smile screaming ‘7x1’”. Ou, quando ao pegar outra bandeira, dizer: “What is that? A Messi’s T-shirt?”, e depois amarrá-la no microfone, imitando o Steven Tyler, e cantar um trecho de I don’t wanna miss a thing, da banda Aerosmith.

Enfim, das músicas tocadas, pelo o que lembro, foram: Prelude/Reach out for the lights, Farewell, Avantasia, Sign f the cross/The seven angels, Twisted mind, The scarecrow, Shelter from the rain, Lost in space, Story ain’t over, Wicked symphony, Dying for an angel (com Eric substituindo o Klaus Meine), Stargazers, Promised land, The watchmaker’s dream, Invoke the machine, What’s left on me, The great mystery, Mystery of a bood red rose, Let the storm descend upon you (que Tobias disse que acredita virar um clássico da banda dentro de cinco anos, sendo pedida em todos os shows), Ghostlights, Draconian Love, Lucifer e Unchain the Light — não nesta ordem.

PS: Um ultimo comentário que gostaria de fazer é que, somente agora, após ter visto e ouvido a banda ao vivo, compreendi algumas passagens das novas músicas, nas quais o coro, feito pelo público, soa como aqueles momentos sombrios de suspense, o que tem a ver com fantasmas e com a obra (Ghostlights). Porém, no estúdio, isso não ocorre.

O tema desse arco, que se fecha com o novo álbum, é que as pessoas não possuem mais tempo para viver. Por isso, um cientista (o personagem principal), junto de outros, tentam mudar a situação para que as pessoas aproveitem melhor esta rápida passagem terrena. No entanto, ao modificar a vida das pessoas e fazê-las viverem da forma como querem (os cientistas), é controlá-las. Daí a problemática.

O álbum traz muitos momentos em que o eu-lírico fala (e até manda, por usar verbos no modo imperativo) para aproveitar todos os momentos possíveis, desde os bons até os ruins, pois todos são únicos.

Recentemente, comprei o Metal Opera Part II e alguém me disse (na internet mesmo) que baixar é melhor. Comentei, então, que a vida não é só abstrata, mas concreta também. Há emoção ao toque, ao ter, ao ver, ao ler etc. Quem gosta de pinturas vai ao museu, não fica só no Google imagens; quem gosta de ler compra livros, pega emprestado e empresta também, não fica só nos pdfs; quem gosta da arte cinematográfica vai ao cinema, não fica só vendo pelos sites ou baixando pelo torrent; quem gosta do que a música provoca vai aos shows, não fica só baixando ou assistindo às gravações ao vivo pelo youtube.

Lembro da primeira vez que ouvi a banda, em 2009, mostrada por um amigo, através da música Farewell. Depois disso, fui atrás das bandas de cada vocalista; gostei de algumas, de outras, não. Fico feliz por ter visto, numa mesma noite, vários vocalistas e músicas que me influenciaram desde que eu estava aprendendo sobre o gênero. E a influência não é só deles, mas de todos que me ensinaram e me mostraram tudo o que sei e que está relacionado a isso.

São buscas, são momentos vividos e contados e recontados, pois se eternizaram. Sair de longe, num domingo, chegar tarde em casa, cansado, com fome, com sede, rouco, "vale a pena se alma não é pequena" (Fernando Pessoa), pois há instantes que não nos apequenam, mas engrandecem (não perante ao outro, mas a nós mesmos). 

Como todo álbum do Avantasia, o personagem principal é alguém atrás de respostas: Do que é que gostamos? O que é que fazemos? Por que fazemos? Por que não fazemos? Como fazemos? Procuremo-las, pois, também.


sexta-feira, 22 de abril de 2016

Resenha do livro "A Ordem do Discurso", de Michel Foucault

FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso.  24. ed. São Paulo: Edições Loyola, 2014.

A ordem do discurso (2014) é um livro que contém todo o conteúdo da aula inaugural do filósofo Michel Foucault, no Collège de France, em 1970, em que ele substitui o lugar do professor Hypollite, que havia falecido.

O livro é totalmente metalinguístico, pois ao mesmo tempo em que Foucault faz o seu discurso, ele discute sobre o mesmo. O filósofo inicia, então, dizendo que gostaria de não começar a falar, pois sente uma “pressão” vinda do local e das pessoas ao seu redor. Em suas palavras: “Existe em muita gente, penso eu, um desejo semelhante de não ter de começar, um desejo de se encontrar, logo de entrada, do outro lado do discurso (...)” (p. 6).

É que nem o discurso nem o lugar são neutros. Quem fala, mesmo que seja um convidado, é vigiado pelo outro, por isso existe a tensão ao discursar. E em cada local há regras implícitas que “norteiam” o quê e como a palavra deve ser dita e ouvida.

Foucault supõe que em todas as sociedades “(...) a produção do discurso é ao mesmo tempo controlada, selecionada, organizada e distribuída por certo número de procedimentos (...)” (p. 8), ou seja, se há rituais na sociedade, haverá rituais para com os discursos.

Dois exemplos que ele dá são os assuntos da sexualidade e da política, tabus da sociedade. São temáticas consideradas como perigosas, em que, sobretudo, exerce-se o poder de interdição sobre elas. Porém, pelo mesmo motivo que querem excluí-los das discussões, é que mostra o quanto eles possuem poder.

O filósofo lembra, então, da figura do louco, que sempre teve o discurso interditado, excluído, rejeitado: “(...) Desde a alta Idade Média, o louco é aquele cujo discurso não pode circular como o dos outros (...)” (p. 10), sendo assim, desconsiderado ou interpretado como visionário. No entanto, é por ele não obedecer às instituições (que impõem as regras e causam a “tensão”), que diz o que quer e o que realmente pensa. É livre.

Pode-se pensar que o louco era excluído somente no passado, mas até hoje é assim, pois os únicos que os ouvem são os médicos e os psicólogos/psicanalistas. Ora, se eles são mandados para estes locais, é porque ainda são rejeitados na sociedade pelo o que são.

Foucault explica como os discursos eram valorizados na Antiguidade Clássica, sendo considerados “verdadeiros” somente aqueles que falavam sobre a justiça, de forma preciosa e bonita, geralmente ditos por alguém de status. Com o tempo, deixou-se de considerar os discursos pela posição dos discursadores, mas sim pela sua coerência.

Essa divisão se deu pela “vontade de saber” (p. 15). As influências da época e da sociedade mudam a forma de pensar e de considerar os discursos. Assim, ao escapar de uma regra para ser considerado verdadeiro, o discurso sofre interferência de outras esferas. Por exemplo, quem quiser ser considerado como verdadeiro no ramo da ciência, deverá obedecer as normas daquela área; e, continuamente, o que estiver fora desses conceitos será excluído e tido como falso.

Há, portanto, três grandes sistemas de exclusão da sociedade que afetam o discurso, que são: “(...) a palavra proibida, a segregação da loucura e a vontade de verdade (...)” (p. 18). E há dois tipos de discurso: os que são ditos no dia a dia e os que são e serão ditos “sempre” (os literários, científicos, religiosos, etc); os primeiros podem ser ditos sobre os segundos, tomando a forma de “comentários”, mas nunca os substituem.

Após fazer estes levantamentos, Foucault discute a existência e a influência do autor. Novamente, ele comenta sobre o passado, em que, na Idade Média, era “(...) indispensável, pois era um indicador de verdade. Uma proposição era considerada como recebendo de seu autor seu valor científico. (...)” (p. 26). Enquanto com o passar dos séculos, na ciência, esta valorização do autor diminuiu, por outro lado, no campo literário, na mesma época, o valor do autor só aumentou.

É importante ressaltar a importância do autor, pois ele é dono não só da obra como do estilo e do método usado para alcançar tais objetivos, porém, para discutir algo novo, pede-se “(...) novos instrumentos conceituais e novos fundamentos teóricos (...)” (p. 33). É por este motivo que muitos autores não são compreendidos em seu tempo, mas postumamente, porque seus discursos não estão no que se considera “verdadeiro” (naquelas regras, leis, disciplinas, ordens etc) daquele período.

Dentre as disciplinas que o discurso deve seguir, há os rituais. O ritual define as formas de recitação, de gestos, de comportamentos, e, assim, define a qualificação e a eficiência do discurso. Percebem-se diferentes tipos de rituais em conferências acadêmicas, encontros religiosos, judiciários, políticos etc.

Cita-se que existiram “sociedades do discurso”, que guardavam e produziam formas e conteúdos de textos (geralmente orais) somente para si, como os rapsodos. Embora não existam mais tais grupos, o modelo de guardar e de produzir conhecimento ainda existe em outros meios e em outras esferas sociais fechadas. Por exemplo, não são todos que possuem acesso ou que compreendem textos filosóficos e científicos, mas um grupo seleto. Esta “doutrinação” une certos indivíduos, ao mesmo tempo em que separa e os diferencia de todos os outros.

Um fator interessante sobre os discursos é que eles existem antes mesmo de serem manifestados. Antes de serem pronunciados, já existe um tema, uma ideia, uma vontade e um sentido, que serão expostos através das palavras, dos signos, das marcas etc., que estão disponíveis.

Foucault pontua que, para analisar os discursos, deve-se “(...) questionar nossa vontade de verdade; restituir ao discurso seu caráter de acontecimento (...)” (p. 48), assim, tirando-os da ordem somente de “significante” e analisando-os como algo concreto. Com isso, investiga-se como eles se formam e o que está por debaixo deles.

Às vezes, ver-se-á que por baixo das palavras não há coerência nem continuidade, mas divergência, porque, na verdade, os discursos devem ser vistos como “(...) práticas descontínuas, que se cruzam por vezes, mas também se ignoram ou se excluem” (p. 50).

Outro princípio abordado é o da “’especificidade’” (p. 50), o qual revela que todo discurso é ideológico. Ele não demonstra o que o mundo ou as coisas são, apresentados claramente por quem fala, mas o que foi imposto (dito) sobre tais assuntos. Portanto, é possível (e preciso) buscar a intenção do discurso.

Para isso, é necessário procurar o contexto do enunciado, pois é ele que determina a limitação do discurso, do comentário, do conteúdo, do autor, além de definir quais os métodos e disciplinas a serem seguidas.

Notam-se, assim, num mesmo contexto, diversas manifestações sobre um mesmo assunto, uma vez que elas são heterogêneas. Portanto, sua análise “(...) liga-se aos sistemas de recobrimento do discurso; procura detectar, destacar esses princípios de ordenamento, de exclusão, de rarefação do discurso (...)” (p. 65). A investigação “(...) não desvenda a universalidade de um sentido; ela mostra à luz do dia o jogo da rarefação imposta, com um poder fundamental de afirmação (...)” (p. 66).

Em seguida, no último capítulo do livro, Foucault discute sobre a importância do ex-professor — a quem ele estava substituindo — Jean Hyppolite. Fala-se sobre os seus métodos e a influência de Hegel em sua conduta, como ele confrontava muitos importantes filósofos modernos; a forma que ele via a filosofia, como “(...) o fundo de um horizonte infinito, uma tarefa sem término (...) tarefa sempre recomeçada” (p. 70).

Enfim, vê-se todo o reconhecimento e admiração que Michel Foucault possuía pelo ex-professor. O filósofo termina o livro de forma muito bela, voltando ao assunto do início da aula/livro, dizendo que agora compreende o motivo de sentir aquela pressão ao discursar, ali, no Collège de France. Com suas palavras: “(...) Sei o que havia de tão temível em tomar a palavra, pois eu a tomava neste lugar de onde o ouvi e onde ele não mais está para escutar-me” (p. 74).

A ordem do discurso é um excelente livro, que se propõe a desvendar as relações entre os discursos e os poderes que eles possuem; como eles se formam, como os enunciados eram vistos no passado, como são agora e como a sociedade cria e se apropria dos discursos para se apoderar das situações. Em suma, é um livro recomendado para todos aqueles que se interessam pela interação e pela linguagem humana.

Michel Foucault nasceu em 1926, na França, e faleceu em 1984. Foi um renomado filósofo de sua época, dentre as suas maiores obras estão Vigiar e punir (1975) e Microfísica do Poder (1979), além de estudos sobre a sexualidade.


Antônio Carlos da Silva Siqueira Júnior é graduado em Letras, pela Faculdade de Santo André, Santo André – SP.