domingo, 24 de junho de 2018

InuYasha, algumas considerações

Depois de 193 episódios e 4 filmes, finalmente terminei de assistir àquele anime que a Globo só exibiu 26 episódios, quando eu era criança, por volta de 2004/2005: InuYasha.
A história é boa, começa simples e termina complexa, mas, como é característica da criadora, Rumiko Takahashi, prolonga-se demais, tal como seu outro grande sucesso, Ranma 1/2 (que conta com 161 episódios e 2 filmes, e eu assisti a tudo...).
Além disso, a autora repete sua fórmula, o que, para alguns, torna a obra previsível. Em Ranma 1/2, Ranma é um menino amaldiçoado, metade homem, metade mulher, que gosta de Akane, que também gosta dele, porém, ambos fingem que não. Em InuYasha, este, metade humano, metade demônio, gosta de Kagome, que também gosta dele, mas ambos vivem brigando. (Em Rin-Ne, outra obra de Rumiko, feita após o fim de InuYasha, o protagonista, que também leva o nome do anime, é um rapaz metade humano, metade shinigami...).
Outros personagens de InuYasha são bem parecidos com os de Ranma 1/2. Kouga, rival de Inuyasha, por exemplo, lembra o rival de Ranma, Ryoga. Os dois estão sempre perdidos. A pulga Myouga, de InuYasha, é a cara do Happosai, de Ranma 1/2, mas este é muito mais engraçado e o seu caráter de "safado" é passado para Miroku, um dos personagens principais de InuYasha.
Depois da questão da "duração", que é muito longa, outro problema de InuYasha é a falta de vilões, ou a existência de apenas um: Naraku. Chega a ficar chata a situação: InuYasha consegue um poder, procura e enfrenta Naraku, que foge, aprende uma nova técnica que inutiliza a do protagonista, que, por sua vez, apanha, viaja para outro canto, adquire outra habilidade, enfrenta o vilão, que escapa etc.
Os cálculos de Naraku também podem ser considerados defeitos do anime: tudo é planejado, previsto e previsível, tanto pelo vilão quanto pelo telespectador, o único erro do personagem ocorre ao final (e que se não tivesse acontecido, Naraku reviveria...).
A primeira fase é constituída de 167 episódios, exibidos de 2000 a 2004; a segunda tem 26, que só foram feitos em 2009. Esta última, final, é muito corrida, deixando muitos acontecimentos sem explicação para quem viu apenas o anime...
Um último comentário negativo será sobre os confrontos. Rumiko Takahashi é famosa pelas comédias românticas, não pelas lutas, que são a principal característica do gênero shounen, ao qual InuYasha pertence. Porém, embora quase todo episódio possua batalhas, elas quase não são interessantes e emocionantes, pois não há estratégias. É um defeito que acontece em outros animes shounen antigos, como Dragon Ball Z e Saint Seiya, por exemplo.
Por outro lado, é preciso ressaltar que a trilha sonora é maravilhosa, as cores utilizadas no ambiente medieval também, a animação começa boa (exceto numa parte em que os protagonistas lutam contra demônios morcegos — não lembro exatamente em quais episódios —, onde é possível ver que apenas a boca do "rei" dos morcegos se move, mas as asas, não...) e termina excelente. Como é característica da autora, a obra traz diversas referências ao folclore e à mitologia japonesa, o que é muito bom e interessante, pois enriquece o trabalho.
A história conta com diversos personagens, conflitos e situações emocionantes, cenas tanto belas quanto tristes (a metáfora, a vontade e a morte de Kagura que o digam...); construções interessantes (como a passagem de Onigumo para Naraku, de Naraku para Musou — o motivo das ações deste, nos três únicos episódios em que aparece, são muito bem pensadas).
Em suma, InuYasha é bom, mas poderia ser muito melhor, se fosse bem mais curto, se possuísse mais vilões e complexidade nas técnicas de luta, ou se a minha experiência de assistir até o final tivesse ocorrido quando era mais jovem.


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