Por mais
que eu goste de você, agora me pergunto: o que eu estava dizendo ao te chamar
de anjo? Dizer que você não existia ou que anjos existem, mas imperfeitos? O
que é a força da ilusão e tradição! Ora, nunca acreditei nestas divindades. O
carinho era verdadeiro, mas eu te chamava de uma mentira e você ainda
gostava!
O que eu
fazia ao te parabenizar por ter feito aniversário? Parabenizar por ter
continuado vivo por um ano? Por ter sobrevivido? Ora, difícil não é sobreviver,
mas viver. E aqueles
desejos? Felicidade, saúde, sucesso e todas aquelas coisas boas. A vontade era
verdadeira, mas eu te desejava uma utopia! Eu desejava uma mentira e você ainda
gostava e agradecia!
Nunca
mais chamarei alguém de divindades nem desejarei apenas felicidade. Chamar por
divindade e desejar só alegria é criar ilusão (e estando iludido, projetam-se
outras ilusões ao que é real): chamarei e criarei metáforas usando apenas
coisas concretas e reais, desejarei coisas boas, mas mais coisas más. Desejarei
vida.